quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Natal no Douro... exposição de Telas e Artes Decorativas de Angelina Gomes

Corre, caudal sagrado
Na dura gratidão dos homens e dos montes!
Vem de longe e vai longe a tua inquietação

Miguel Torga


4, 5 e 6 de Dezembro, nas Caves “Wiese & Krohn Sucrs, Lda.” em Vila Nova de Gaia
Coordenadas GPS
41º 8’ 11.26” N
8º 37’ 5.39” W

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

O Amor... essa incógnita...


Amar não é olhar um para o outro, é olhar juntos na mesma direcção...

Antoine de Saint-Exupéry
Fiquei a pensar nisto...!

domingo, 26 de setembro de 2010

Monte Nebo

daqui, Moisés avistou a Terra Santa...



por terras sagradas...

esta oliveira foi plantada pelo Papa João Paulo II aquando da sua visita ao Monte Nebo

Monte Nebo
Jordânia
Julho 2010

sábado, 24 de julho de 2010

PETRA...

PETRA é um local mágico... cidade nabateia, situada na extremidade do Deserto Árabe, entre o Mar Morto e o Golfo de Aqada, no coração de um maciço montanhoso. Nela habitavam os Nabateos que, na época, se dedicavam ao comércio de incenso e de outros aromas preciosos.


Tesouro de PETRA

Al Khazneh (Firaoun), em árabe, significa Tesouro (do Faraó). Aquando da sua "descoberta", os Beduínos acreditavam que Faraó havia escondido ali um tesouro...

O Khazneh apresenta a mais bela e elegante fachada de todas as tumbas de Petra.

A 7 de Julho de 2007, em Lisboa, PETRA é declarada como uma das novas SETE MARAVILHAS DO MUNDO...

Início da minha caminhada pelo desfiladeiro de Petra




A caminho do Tesouro... porque às vezes acredito que eles (ainda) existem...



Quando pensava ter já sentido de tudo... Petra provou-me o contrário...

Aqui é tudo tão intenso... tão fantástico... tão histórico...



PETRA... um sonho concretizado. Faltam 6...

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Sensualidade Feminina...


Quando na solidão me abraço, descubro na minha pele uma saudade...

com a tua forma...
o teu gosto...
o teu cheiro...

"Sensualidade Feminina", óleo s/tela
pintado por Angelina Gomes

domingo, 18 de abril de 2010

Os meus poemas preferidos... II

DEPOIS

Provo na pele
o sabor que me deixaste
na noite
em que os corpos se ceifaram
ao estio solitário
de sonhos mergulhados na sede

Seco nas mãos
o cheiro de carícias arrancadas
à vontade humedecida
de abraços desordenados na angústia
de estenderem
palavras mascaradas de respeito

Cravo na garganta
o travo ardente dos beijos
sugado na paixão
das bocas coladas em desvario
numa busca cega
da eternidade finada no momento

e repouso
na hipnose deixada pelo amor
quando acorda na manhã
herdada pelo desfalecimento
do desejo

Pas[ç]os
http://pacosdagua.blogspot.com/


Do mais belo que já li...

sábado, 17 de abril de 2010

Os meus poemas preferidos...

FRUTOS

Pêssegos, pêras, laranjas,
morangos, cerejas, figos,
maçãs, melão, melancia,
ó música de meus sentidos,
pura delícia da língua;
deixai-me agora falar
do fruto que me fascina,
pelo sabor, pela cor,
pelo aroma das sílabas:
tangerina, tangerina.


Eugénio de Andrade

domingo, 11 de abril de 2010

Concerto de Páscoa

A música é... purificadora...

É assim que consigo descrever o Concerto de Páscoa a que assisti ontem na Igreja de Santo António das Antas... purificador... E são extraordinárias as reacções psicossomáticas que a música nos provoca. Há sons que nos fazem sorrir, outros apelam à lágrima, outros ainda... fazem-nos subir ao céu, levando connosco apenas o embaraço dos nossos pecados...

CCR - Coro do Colégio do Rosário
Sicut cervus
Panis Angelicus
Regina Caeli
Ave Maria
Allellujah

Coro Anonymus
Magnificat
Locus Iste
Panem Coeli
Pai Nosso
Ave Verum Corpus - para ouvir e sentir de olhos bem fechados...

Grupo de Câmara da Orquestra Portuguesa de Guitarras e Bandolins
1º andamento - Tagelied
2º andamento - Matsuri
3º andamento - Lallaby for Momo

Coro Anonymus e Grupo de Câmara da Orquestra de Guitarras e Bandolins
Pater Noster

O concerto culminou com um Tutti - Ave Verum Corpus - dedicado a Mozart.

E o dia terminou da melhor forma, na Rota do Chá... com um Green Spirit e scones...

domingo, 28 de março de 2010

Páscoa feliz



Adoro os dias da Páscoa...


E sabiam que no Domingo de Páscoa o coelhinho mágico espalha ovos de chocolate pelo jardim da casa da Tia? É verdade... e faz as delícias das crianças.
E porque Páscoa é também sinónimo de férias (pelo menos para mim) aqui deixo os meus votos de uma Santa e Feliz Páscoa para todos e... Boas Férias para os sortudos...

Até breve

domingo, 21 de março de 2010

Recomendo...



MIL SÓIS
Resplandecentes



Um fenómeno da literatura que narra a história de duas mulheres afegãs casadas com o mesmo homem... dos abusos de que são vítimas... da violência política durante o regime taliban...
Considerado pela Time Magazine como "Um dos dez melhores livros do ano" e "Inesquecível" por Isabel Allende.

do escritor afegão Khaled Hosseini (autor de O Menino da Cabul)
.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Dia Internacional da Mulher


O Dia Internacional da Mulher, celebrado a 8 de Março tem origem nas manifestações femininas por melhores condições de trabalho e direito de voto, no início do século XX, na Europa e nos Estados Unidos. A data foi adoptada pelas Nações Unidas, em 1975, para lembrar tanto as conquistas sociais, políticas e económicas das mulheres como as discriminações e as violências a que muitas mulheres ainda estão sujeitas em todo o mundo. (fonte: Wikipédia)

A Luz que Vem das Pedras

A luz que vem das pedras, do íntimo da pedra,
tu a colhes, mulher, a distribuis
tão generosa e à janela do mundo.
O sal do mar percorre a tua língua;
não são de mais em ti as coisas mais.
Melhor que tudo, o voo dos insectos,
o ritmo nocturno do girar dos bichos,
a chave do momento em que começa o canto
da ave ou da cigarra
— a mão que tal comanda no mesmo gesto fere
a corda do que em ti faz acordar
os olhos densos de cada dia um só.
Quem está salvando nesta respiração
boca a boca real com o universo?

Pedro Tamen, in "Agora, Estar"

Um abraço a todas as Mulheres...

sábado, 6 de março de 2010

Escrita Criativa...


Aforismos

Forma lapidar, assertiva, de exprimir determinada "verdade" sobre a existência humana e a sociedade ou a relação do indivíduo com outros indivíduos, com a vida e com a morte, com a transcendência, etc.

Tem uma nítida feição filosofico-moral. Muitas vezes apoia-se numa micro-história de cunho exemplar ou alegórico. Se o provérbio é, fundamentalmente, de raiz "popular" e transmitido oralmente, já o aforismo, praticado como tal por escritores e filósofos, está quase sempre associado à esfera da cultura escrita, dita mais elevada, e caracteriza-se, amiúde, por um notório refinamento de escrita...

Exemplos:

O suicídio exprime a liberdade de morrer que a morte nos nega (Marcello Duarte Mathias)

O pequeno rebocador ajuda silenciosamente o grande petroleiro (António Osório)

A televisão é a caixa que mudou o mundo - para que o mundo não mudasse (João Pedro Mésseder)

e:

É a pequena chave a grande protectora dos majestosos palácios (Tia)

Em poesia diz-se, com belas palavras, as verdades mais dolorosas (Tia)

Bom fim-de-semana!

apontamentos do Curso de Escrita Criativa UP_2009

foto retirada da net


quinta-feira, 4 de março de 2010

Para reflectir...

Hoje cruzei-me com esta reflexão do filósofo Séneca:

Diariamente criticamos o destino: "Porque foi este homem arrebatado a meio da carreira? E aquele, porque não morre, em vez de prolongar uma velhice tão penosa para ele como para os outros?" Diz-me cá, por favor: o que achas tu mais justo, seres tu a obedecer à natureza ou a natureza a ti? Que diferença faz sair mais ou menos depressa de um sítio de onde temos mesmo de sair? Não nos devemos preocupar em viver muito, mas sim em viver plenamente; viver muito depende do destino, viver plenamente, da nossa própria alma. Uma vida plena é longa quanto basta; e será plena se a alma se apropria do bem que lhe é próprio e se apenas a si reconhece poder sobre si mesma. Que interessa os oitenta anos daquele homem passados na inacção? Ele não viveu, demorou-se nesta vida; não morreu tarde, levou foi muito tempo a morrer! "Viveu oitenta anos!". O que importa é ver a partir de que data ele começou a morrer. "Mas aquele outro morreu na força da vida". É certo, mas cumpriu os deveres de um bom cidadão, de um bom amigo, de um bom filho, sem descurar o mínimo pormenor; embora o seu tempo de vida ficasse incompleto, a sua vida atingiu a plenitude.
"Viveu oitenta anos". Não, existiu durante oitenta anos, a menos que digas que ele viveu no mesmo sentido em que falas na vida das árvores. Peço-te insistentemente, Lucílio: façamos com que a nossa vida, à semelhança dos materiais preciosos, valha pouco pelo espaço que ocupa, e muito pelo peso que tem. Avaliemo-la pelos nossos actos, não pelo tempo que dura. Queres saber qual a diferença entre um homem enérgico, que despreza a fortuna, cumpre todos os deveres inerentes à vida humana e assim se alça ao seu supremo bem, e um outro por quem simplesmente passam numerosos anos? O primeiro continua a existir depois da morte, o outro já estava morto antes de morrer! Louvemos, portanto, e incluamos entre os afortunados o homem que soube usar com proveito o tempo, mesmo exíguo, que viveu. Contemplou a verdadeira luz; não foi um como tantos outros; não só viveu, como o fez com vigor.

Séneca, in 'Cartas a Lucílio'

e fiquei a pensar nisto...

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Lugares e momentos que gosto de recordar...

No meu "castelo" com as minhas amigas... Julho de 2009

No Paraíso... onde o Amor existe...

Diverlanhoso... com os meus amigos

Trilho do Lobo

Descida do Rio Coura - Junho de 2008... ali estou eu...

Uma descida do Rio Coura - Junho de 2008 - o meu XY

Em Londres com o meu XY... Dezembro de 2003

No casamento de uma amiga... uma festa linda, divertida, com deliciosos momentos de emoção. Assim desejo que seja a vida dela!

A espreitar o mundo Árabe...

Numa praia maravilhosa... bem longe daqui... (eu sou a de vestido preto!)

Curral das Freiras - Ilha da Madeira

Ribeiro Frio - Ilha da Madeira

Um pic-nic de Secretárias

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

SUSANA

Retrato de uma vida, sob a forma de haiku

Fanecas fritas
Arroz d’ervilhas
Primeiro jantar
Vestido branco
Rendas duvidosas
Afinal bonito

Braço partido
Irmão Indefeso
Primeira sobrinha


Braço não partido
Irmão não indefeso
Segundo sobrinho

Desejo que este seja o dia mais divertido e FELIZ da tua vida…

Com a solidariedade da
Tua_Cunhada

domingo, 14 de fevereiro de 2010

DIA DE SÃO VALENTIM


Só existe um amor
que aguenta tudo...
e dura toda a vida.
É o amor-próprio.


Molière

Feliz dia...

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Tiro o chapéu a esta senhora...

A escritora, letrista e actriz Rosa Lobato Faria, morreu, dia 2 de Fevereiro de 2010 aos 77 anos, depois de uma semana de internamento num hospital privado. Foi colaboradora (dizendo poesias) de David Mourão-Ferreira em programas literários da televisão. Autora, entre outros, dos romances Flor do Sal, A Trança de Inês, Romance de Cordélia, O Prenúncio das Águas, ou mais recentemente A Estrela de Gonçalo Enes (ed. Quasi). Publicamos aqui a 'autobiografia' que escreveu para o JL há dois anos.

Autobiografia.
"Quando eu era pequena havia um mistério chamado Infância. Nunca tínhamos ouvido falar de coisas aberrantes como educação sexual, política e pedofilia. Vivíamos num mundo mágico de princesas imaginárias, príncipes encantados e animais que falavam. A pior pessoa que conhecíamos era a Bruxa da Branca de Neve. Fazíamos hospitais para as formigas onde as camas eram folhinhas de oliveira e não comíamos à mesa com os adultos. Isto poupava-nos a conversas enfadonhas e incompreensíveis, a milhas do nosso mundo tão outro, e deixava-nos livres para projectos essenciais, como ir ver oscilar os agriões nos regatos e fazer colares e brincos de cerejas. Baptizávamos as árvores, passeávamos de burro, fabricávamos grinaldas de flores do campo. Fazíamos quadras ao desafio, inventávamos palavras e entoávamos melodias nunca aprendidas.

Na Infância as escolas ainda não tinham fechado. Ensinavam-nos coisas inúteis como as regras da sintaxe e da ortografia, coisas traumáticas como sujeitos, predicados e complementos directos, coisas imbecis como verbos e tabuadas. Tinham a infeliz ideia de nos ensinar a pensar e a surpreendente mania de acreditar que isso era bom.
Não batíamos na professora, levávamos-lhe flores.

E depois ainda havia infância para perceber o aroma do suco das maçãs trincadas com dentes novos, um rasto de hortelã nos aventais, a angustia de esperar o nascer do sol sem ter a certeza de que viria (não fosse a ousadia dos pássaros só visíveis na luz indecisa da aurora), a beleza das cantigas límpidas das camponesas, o fulgor das papoilas. E havia a praia, o mar, as bolas de Berlim. (As bolas de Berlim são uma espécie de ex-libris da Infância e nunca mais na vida houve fosse o que fosse que nos soubesse tão bem).

Aos quatro anos aprendi a ler; aos seis fazia versos, aos nove ensinaram-me inglês e pude alargar o âmbito das minhas leituras infantis. Aos treze fui, interna, para o Colégio. Ali havia muitas raparigas que cheiravam a pão, escreviam cartas às escondidas, e sonhavam com os filmes que viam nas férias. Tínhamos a certeza de que o Tyrone Power havia de vir buscar-nos, com os seus olhos morenos, depois de nos ter visto fazer uma entrada espampanante no salão de baile onde o Fred Astaire já nos teria escolhido para seu par ideal.

Chamava-se a isto Adolescência, as formas cresciam-nos como as necessidades do espírito, música, leitura, poesia, para mim sobretudo literatura, história universal, história de arte, descobrimentos e o Camões a contar aquilo tudo, e as professoras a dizerem, aplica-te, menina, que vais ser escritora.

Eram aulas gloriosas, em que a espuma do mar entrava pela janela, a música da poesia medieval ressoava nas paredes cheias de sol, ay eu coitada, como vivo em gran cuidado, e ay flores, se sabedes novas, vai-las lavar alva, e o rio corria entre as carteiras e nele molhávamos os pés e as almas.

Além de tudo isto, que sorte, ainda havia tremas e acentos graves. Mas também tínhamos a célebre aula de Economia Doméstica de onde saíamos com a sensação de que a mulher era uma merdinha frágil, sem vontade própria, sempre a obedecer ao marido, fraca de espírito que não de corpo, pois, tendo passado o dia inteiro a esfregar o chão com palha de aço, a espalhar cera, a puxar-lhe o lustro, mal ouvia a chave na porta havia de apresentar-se ao macho milagrosamente fresca, vestida de Doris Day, a mesa posta, o jantarinho rescendente, e nem uma unha partida, nem um cabelo desalinhado, lá-lá-lá, chegaste, meu amor, que felicidade! (A professora era uma solteirona, mais sonhadora do que nós, que sabia todas as receitas do mundo para tirar todas as nódoas e os melhores truques para arear os tachos de cobre que ninguém tinha na vida real).

Mas o que sabíamos nós da vida real? Aos 17 anos entrei para a Faculdade sem fazer a mínima ideia do que isso fosse. Aos 19 casei-me, ainda completamente em branco (e não me refiro só à cor do vestido). Só seis anos, três filhos e centenas de livros mais tarde é que resolvi arrumar os meus valores como quem arruma um guarda-vestidos. Isto não, isto não se usa, isto não gosto, isto sim, isto seguramente, isto talvez. Os preconceitos foram os primeiros a desandar, assim como todos os itens que à pergunta porquê só me tinham respondido porque sim, ou, pior, porque sempre foi assim. E eu, tumba, lixo, se sempre foi assim é altura de deixar de ser e começar a abrir caminho às gerações futuras (ainda não sabia que entre os meus 12 netos se contariam nove mulheres). Ouvi ontem uma jovem a dizer, a revolução que nós fizemos nos últimos anos. Não meu amor: a revolução que NÓS fizemos nos últimos 50 anos. Mas não interessa quem fez o quê. É preciso é que tenha sido feito. E que seja feito. E eu fiz tudo, quando ainda não era suposto. Quando descobri que ser livre era acreditar em mim própria, nos meus poucos, mas bons, valores pessoais.

Depois foram as circunstâncias da vida. A alegria de mais um filho, erros, acertos, disparates, generosidades, ingenuidades, tudo muito bom para aprender alguma coisa. Tudo muito bom. Aprender é a palavra chave e dou por mal empregue o dia em que não aprendo nada. Ainda espero ter tempo de aprender muita coisa, agora que decidi que a Bíblia é uma metáfora da vida humana e posso glosar essa descoberta até, praticamente, ao infinito.

Pois é. Eu achava, pobre de mim, que era poetisa. Ainda não sabia que estava só a tirar apontamentos para o que havia de fazer mais tarde. A ganhar intimidade, cumplicidade com as palavras. Também escrevia crónicas e contos e recados à mulher-a-dias. E de repente, aos 63 anos, renasci. Cresceu-me uma alma de romancista e vá de escrever dez romances em 12 anos, mais um livro de contos (Os Linhos da Avó) e sete ou oito livros infantis. (Esta não é a minha área, mas não sei porquê, pedem-me livros infantis. Ainda não escrevi nenhum que me procurasse como acontece com os romances para adultos, que vêm de noite ou quando vou no comboio e se me insinuam nos interstícios do cérebro, e me atiram para outra dimensão e me fazem sorrir por dentro o tempo todo e me tornam mais disponível, mais alegre, mais nova).

Isto da idade também tem a sua graça. Por fora, realmente, nota-se muito. Mas eu pouco olho para o espelho e esqueço-me dessa história da imagem. Quando estou em processo criativo sinto-me bonita. É como se tivesse luzinhas na cabeça. Há 45 anos, com aquela soberba muito feminina, costumava dizer que o meu espelho eram os olhos dos homens. Agora são os olhos dos meus leitores, sem distinção de sexo, raça, idade ou religião. É um progresso enorme.

Se isto fosse uma autobiografia teria que dizer que, perto dos 30, comecei a dizer poesia na televisão e pelos 40 e tais pus-me a fazer umas maluqueiras em novelas, séries, etc. Também escrevi algumas
destas coisas e daqui senti-me tentada a escrever para o palco, que é uma das coisas mais consoladoras que existem (outra pessoa diria gratificantes, mas eu, não sei porquê, embirro com essa palavra). Não há nada mais bonito do que ver as nossas palavras ganharem vida, e sangue, e alma, pela voz e pelo corpo e pela inteligência dos actores.
Adoro actores. Mas não me atrevo a fazer teatro porque não aprendi.

Que mais? Ah, as cantigas. Já escrevi mais de mil e 500 e é uma das coisas mais divertidas que me aconteceu. Ouvir a música e perceber o que é que lá vem escrito, porque a melodia, como o vento, tem uma alma e é preciso descobrir o que ela esconde. Depois é uma lotaria. Ou me cantam maravilhosamente bem ou tristemente mal. Mas há que arriscar e, no fundo, é só uma cantiga. Irrelevante.

Se isto fosse uma autobiografia teria muitas outras coisas para contar. Mas não conto. Primeiro, porque não quero. Segundo, porque só me dão este espaço que, para 75 anos de vida, convenhamos, não é excessivo.
Encontramo-nos no meu próximo romance."


Sim, encontramo-nos por lá...

sábado, 30 de janeiro de 2010

Natureza...


A natureza é um templo augusto, singular,
Que a gente ouve exprimir em língua misteriosa;
Um bosque simbolista onde a árvore frondosa
Vê passar os mortais, e segue-os com o olhar.

Como distintos sons que ao longe vão perder-se,
Formando uma só voz, de uma rara unidade,
Tem vasta como a noite a claridade,
Sons, perfumes e cor logram corresponder-se

Há perfumes subtis de carnes virginais,
Doces como o oboé, verdes como o alecrim,
E outros, de corrupção, ricos e triunfais

Como o âmbar e o musgo, o incenso e o benjoim,
Entoando o louvor dos arroubos ideais,
Com a larga expansão das notas d'um clarim.


Charles Baudelaire, in "As Flores do Mal"
Tradução de Delfim Guimarães

domingo, 24 de janeiro de 2010

Passo a publicidade...

A Ecotura vem apresentar-vos o programa para o fim-de-semana de Carnaval. Uma actividade em território de Lobo que lhe vai proporcionar 4 dias de diversão, tranquilidade e contacto com a natureza.
À semelhança de todas as outras actividades da Ecotura, estas enquadram-se num projecto de Ecoturismo que visa a preservação do Lobo Ibérico e dos espaços naturais da serra da Peneda.


Para mais informações consulte www.ecotura.com ou contacte ecotura@ecotura.com ou 963 793 326.
Anabela Moedas e Pedro Alarcão

domingo, 17 de janeiro de 2010

Para reflectir...

foto de Andre

Não é da luz do sol que carecemos. Milenarmente a grande estrela iluminou a terra e, afinal, nós pouco aprendemos a ver. O mundo necessita ser visto sob outra luz: a luz do luar, essa claridade que cai com respeito e delicadeza. Só o luar revela o lado feminino dos seres. Só a lua revela intimidade da nossa morada terrestre.
Necessitamos não do nascer do Sol. Carecemos do nascer da Terra.

Mia Couto in Contos do Nascer da Terra

sábado, 9 de janeiro de 2010

Haiku II



Poderoso mar
Todavia sucumbe
em calma areia...

(Tia)

foto da minha Nikon
Moledo 22.Dez.09

domingo, 3 de janeiro de 2010

Haiku

De origem japonesa, o haiku é a miniatura de um poema, não passando de uma estrofe de 3 versos, obedecendo a uma métrica de 5 – 7 – 5 sílabas e caracterizado pela extrema simplicidade (que nada tem a ver com o banal) e pela concisão. O haiku adiciona a estas qualidades as da subtileza e da plenitude e transcendência de sentido.

Que irrisão
debaixo de um elmo
canta um grilo
(Matsuo Bashô)

Despojado de fogo de artifício retórico, o haiku é a captação de um instante único, um flash revelador da leveza ou do peso do real. Um momento filosófico que resulta da observação dos elementos naturais e cósmicos.
Cinzentas nuvens
Ímpeto de cólera
De um céu azul
(Tia)

Fonte: Apontamentos curso Escrita Criativa UP_2009

Foto da minha Nikon: Serra de Arga 22.12.09

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

GREGUERÍA

A Greguería é um género poético breve que, quase sempre, se cinge a uma frase e se caracteriza, com frequência, por um refinado humor, por vezes marcado pelo insólito. A metáfora e a comparação estão muitas vezes presentes na Greguería.

O seu criador é o escritor espanhol pós-simbolista Ramón Gómez de la Serna (que foi amigo do nosso Almada Negreiros)...

Como dava beijos lentos, duravam-lhe mais os amores.

Bom Ano... com muitos beijos destes!

Fonte: Apontamentos do Curso de Escrita Criativa UP_2009
Foto (retirada da net): o Beijo de Rodin - escultura em mármore do artista realista Auguste Rodin