sábado, 30 de janeiro de 2010

Natureza...


A natureza é um templo augusto, singular,
Que a gente ouve exprimir em língua misteriosa;
Um bosque simbolista onde a árvore frondosa
Vê passar os mortais, e segue-os com o olhar.

Como distintos sons que ao longe vão perder-se,
Formando uma só voz, de uma rara unidade,
Tem vasta como a noite a claridade,
Sons, perfumes e cor logram corresponder-se

Há perfumes subtis de carnes virginais,
Doces como o oboé, verdes como o alecrim,
E outros, de corrupção, ricos e triunfais

Como o âmbar e o musgo, o incenso e o benjoim,
Entoando o louvor dos arroubos ideais,
Com a larga expansão das notas d'um clarim.


Charles Baudelaire, in "As Flores do Mal"
Tradução de Delfim Guimarães

domingo, 24 de janeiro de 2010

Passo a publicidade...

A Ecotura vem apresentar-vos o programa para o fim-de-semana de Carnaval. Uma actividade em território de Lobo que lhe vai proporcionar 4 dias de diversão, tranquilidade e contacto com a natureza.
À semelhança de todas as outras actividades da Ecotura, estas enquadram-se num projecto de Ecoturismo que visa a preservação do Lobo Ibérico e dos espaços naturais da serra da Peneda.


Para mais informações consulte www.ecotura.com ou contacte ecotura@ecotura.com ou 963 793 326.
Anabela Moedas e Pedro Alarcão

domingo, 17 de janeiro de 2010

Para reflectir...

foto de Andre

Não é da luz do sol que carecemos. Milenarmente a grande estrela iluminou a terra e, afinal, nós pouco aprendemos a ver. O mundo necessita ser visto sob outra luz: a luz do luar, essa claridade que cai com respeito e delicadeza. Só o luar revela o lado feminino dos seres. Só a lua revela intimidade da nossa morada terrestre.
Necessitamos não do nascer do Sol. Carecemos do nascer da Terra.

Mia Couto in Contos do Nascer da Terra

sábado, 9 de janeiro de 2010

Haiku II



Poderoso mar
Todavia sucumbe
em calma areia...

(Tia)

foto da minha Nikon
Moledo 22.Dez.09

domingo, 3 de janeiro de 2010

Haiku

De origem japonesa, o haiku é a miniatura de um poema, não passando de uma estrofe de 3 versos, obedecendo a uma métrica de 5 – 7 – 5 sílabas e caracterizado pela extrema simplicidade (que nada tem a ver com o banal) e pela concisão. O haiku adiciona a estas qualidades as da subtileza e da plenitude e transcendência de sentido.

Que irrisão
debaixo de um elmo
canta um grilo
(Matsuo Bashô)

Despojado de fogo de artifício retórico, o haiku é a captação de um instante único, um flash revelador da leveza ou do peso do real. Um momento filosófico que resulta da observação dos elementos naturais e cósmicos.
Cinzentas nuvens
Ímpeto de cólera
De um céu azul
(Tia)

Fonte: Apontamentos curso Escrita Criativa UP_2009

Foto da minha Nikon: Serra de Arga 22.12.09

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

GREGUERÍA

A Greguería é um género poético breve que, quase sempre, se cinge a uma frase e se caracteriza, com frequência, por um refinado humor, por vezes marcado pelo insólito. A metáfora e a comparação estão muitas vezes presentes na Greguería.

O seu criador é o escritor espanhol pós-simbolista Ramón Gómez de la Serna (que foi amigo do nosso Almada Negreiros)...

Como dava beijos lentos, duravam-lhe mais os amores.

Bom Ano... com muitos beijos destes!

Fonte: Apontamentos do Curso de Escrita Criativa UP_2009
Foto (retirada da net): o Beijo de Rodin - escultura em mármore do artista realista Auguste Rodin